top of page
FLÁVIO ASSIS
8. Mãe preta
Mãe preta
Flávio Assis
Fim da tarde ela espera,
Zeca voltar
No parapeito da janela
o altar da aflições
E a noite quando chega
aperta o coração de mãe
Será o trânsito no centro da cidade?
Um suicídio na linha do metrô?
Por que será que demora?
Mãos na cabeça, documentos!
Abra as pernas, obedeça!
De onde vem, pra onde vai,
o que tem?
E a madrugada desespera
o coração de mãe
A vigília, as orações, a vela acesa
o pranto...
Os encantados, Jesus Cristo,
nesta hora me valei!
Proteja, zelem, guardem
o meu filho, por favor!
Mas, o sol então desperta
o morro de São Gonçalo do Retiro
A notícia ensanguentada
num programa de TV...
Acabou!
bottom of page