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9. Samba atemporal

Samba Atemporal


Flávio Assis


A sanha é zanga de mama, ô

seus filhos na contramão

vagavam cegos de opaxorô

catedrais da solidão


Depois que tudo findar

irá restar o samba


Marabô veio na maré

Ojuobâ, olhos de Xangô

Kaô Kabicilê, oxé


Lá do fundo da lagoa

Mil tambores vão saudar

Saluba, Nanã!


Sete mil pedras de guizo

no ofá do caçador

Okê Arô, Odé


Sob o céu o arco-íris

e o roncar dos seus trovões

lá na mata, Altamiro, Rosa

Braga e Riachão

trouxeram pandeiro, cachaça

viola e a marcação

cavaco, cuíca-virada

e o gingar da solidão


Depois que tudo findar

irá restar o samba



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